O enfrentamento dos adolescentes em
tratamento oncológico diante da queda do cabelo
Por Laíse
Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva
CRP 17-3166
A alopecia
mais conhecida como queda do cabelo é um dos efeitos colaterais mais comuns aos
pacientes que estão em tratamento contra o câncer, como também, um dos mais
temidos por eles, o qual pode acarretar diversas consequências psicológicas. A
queda do cabelo é visível aos outros, sendo assim, um sinal de confirmação de
que a pessoa está doente e em tratamento.
É importante
ressaltar que não são todos os agentes quimioterápicos que produzem a alopecia,
como também, não são todos os pacientes que têm sofrimento emocional com tal
reação, uma vez que há quem encare a queda de cabelo como um acontecimento sem
importância. Geralmente, consideram tal reação como um efeito do uso de uma
medicação forte que irá aumentar as suas chances de alcançar a cura do câncer.
Alguns
pacientes vivenciam a redução e/ou completa ausência dos fios, como um fator
que diminui a sua própria beleza. Por consequência da mudança na imagem e do
conceito de si mesmo, nessas situações, a alopecia interfere diretamente na
personalidade, autoestima e individualidade do paciente. Os efeitos
psicológicos negativos que estão associados a esta reação dos quimioterápicos
atinge a maior parte dos pacientes que estão em tratamento, sendo mais frequente
entre as adolescentes.
Para os
adolescentes, o choque da queda dos cabelos geralmente ocorre em uma fase de
intensa preocupação com a aparência e com a valorização de ser visivelmente
atraente ao outro. Esses aspectos dificultam a construção de um conceito
positivo de si mesmo, podendo trazer como consequência o afastamento do
adolescente de seu convívio pessoal - como da família e amigos – e pode
dificultar a criação e/ou estabelecimento de novos relacionamentos
significativos. No caso das pacientes, os cabelos representam um símbolo da
feminilidade, causando um impacto ainda mais forte.
As
adolescentes que acompanhamos na Casa Durval Paiva, geralmente, não aderem ao
uso das perucas e cortam os cabelos em duas etapas: primeiro, diminuem o
tamanho do cabelo, deixando-o com certo movimento; em seguida, cortam o cabelo
curto. Elas relatam que será mais fácil para quando o cabelo começar a cair,
evitando as falhas na cabeça. É importante ressaltar que existe um fator
psicológico importante nesse corte gradativo dos fios, pois as pacientes têm um
tempo para elaborar a dor dessa perda.
Há diversos
recursos disponíveis para as adolescentes resgatarem a autoestima, como as
perucas - de materiais artificiais ou naturais - os lenços, tiaras, gorros e
chapéus. Algumas usam a peruca como tentativa de resgatar a sua vida do modo
mais semelhante ao que era antes do adoecimento, portanto, continuar com
cabelos – mesmo sendo com a peruca – é importante para que elas se sintam bem.
Outras preferem realçar a maquiagem, com o uso das sombras, batons e blushes,
focando a atenção dos outros no rosto, ou até mesmo, utilizando os brincos e
colares. Quando se trata dos meninos, é comum que eles recorram ao uso de bonés
ou roupas mais escuras, com o mesmo objetivo, retirar o foco dos cabelos.
É cada vez
mais frequente encontrarmos pacientes que não sentem vontade de usar perucas e
bonés, andando totalmente carecas, sem o desejo de esconder o câncer, assumindo
a doença. São pacientes que possuem boas estratégias de enfrentamento e aceitam
que estão passando por um tratamento médico que desencadeia algumas reações
físicas. Mesmo diante do olhar preceituoso e invasivo do outro, é fundamental
respeitar o desejo e as singularidades de cada paciente. Há os que não gostam
de peruca e nem de lenços e assumem a careca, como existem os que vão utilizar
todos os recursos existentes para “esconder” a doença. O importante é respeitar
o desejo de viver e de enfrentar a doença, o tratamento e suas reações do modo
mais confortável para o paciente.
Serviço social e humanização com pacientes
e acompanhantes
Por Larissa
Rocha
Assistente Social - Casa Durval Paiva
CRESS/RN 4793
A Política
Nacional de Humanização foi criada pelo Ministério da Saúde em 2003 e se refere
ao processo de atenção e relação com o usuário, tem como intuito a garantia à
universalidade, integralidade do cuidado e equidade das ofertas em saúde.
Enquanto que a humanização quer dizer humanizar, dar condição humana a alguma
ação ou atitude, ser tratável, realizar qualquer ato considerando o ser humano
como um ser único e complexo.
O Serviço
Social é a porta de entrada da Casa Durval Paiva, responsável pelo primeiro
contato na instituição com o paciente e seu familiar. O qual inicia o
acolhimento, momento de aproximação com o usuário e escuta qualificada, que
resultará na intervenção do processo de despertar no paciente e seu
acompanhante o senso como possuidores de direitos. O assistente social é o
mediador de conflitos e orientador para garantia dos direitos e benefícios. O
mesmo deve ter um olhar ampliado para cada pessoa como um ser único, digno de
respeito e consideração, independentemente de qualquer circunstância,
respeitando sempre a sua história e singularidade de vida.
A orientação
e informação de forma instrumentalizada são elementos fundamentais no auxílio
do tratamento e recuperação dos pacientes hematológicos e oncológicos, a
família acaba enfrentando o processo curativo tendo outra visão do diagnóstico
da doença, levando de forma mais leve e singular, o que se torna determinante
para a continuidade do tratamento e a obtenção da cura.
Cabe frisar,
que a Política Nacional de Humanização atua de forma transversal as demais
políticas de saúde, tornando-se um instrumento para o assistente social de
crucial importância, possibilitando que a voz do usuário não seja minimizada
diante da burocratização. Já o atendimento humanizado se torna essencial na
relação dos processos de atenção ao usuário, identificando a capacidade de cada
pessoa envolvida, criando um elo entre o profissional, o paciente e a família,
que perpassa o dia a dia do profissional.
Lesões bucais em crianças oncológicas
Por Eloisa
Alexsandra Lopes
Dentista - Casa Durval Paiva
CRO/RN 3663
A higiene
bucal deficiente ou a pré-existência de focos infecciosos aumentam o risco de
infecção bucal durante a quimioterapia. As crianças em tratamento contra o
câncer assistidas na Casa de Apoio são examinadas pela cirurgiã-dentista tão
logo tenham sua doença diagnosticada, sendo o tratamento odontológico iniciado,
preferencialmente, antes do tratamento oncológico. Acompanhadas também durante a fase aguda da
doença, ou seja, o período de hospitalização.
Tanto no
consultório, como no hospital, os pacientes são
atendidos para tratamento e orientação de alguma lesão que possa
aparecer como consequência de tratamentos contra o câncer. Daí a importância da integração entre o
dentista e o médico oncologista, para manter o paciente com um bom nível de
higiene bucal, minimizando o risco de complicações sistêmicas e locais.
Dentre as
lesões bucais estão a mucosite, cárie, candidíase (sapinho) e xerostomia. A
mucosite é uma resposta inflamatória da mucosa bucal às altas doses de
quimioterapia, caracterizando-se pelo aparecimento de áreas avermelhadas,
seguidas de feridas inflamadas, sangramento e inchaço. Acompanhado de intensa
dor, que gera severo desconforto, resultando em má higienização oral,
dificuldade de engolir os alimentos, diminuição da qualidade de vida,
distúrbios do sono e fraqueza no corpo do paciente.
As lesões
orais costumam desaparecer sem cicatriz a não ser que a mucosite seja agravada
por infecção ou diminuição da produção de saliva. A manifestação mais precoce
da mucosite é uma coloração esbranquiçada na mucosa (assoalho bucal, língua,
bochecha e palato mole), sendo substituída gradativamente por áreas vermelhas e
inchadas, favorecendo o desenvolvimento de áreas inflamadas, com a formação de
uma membrana superficial amarelada e
removível.
A xerostomia
é definida como a secura da boca, produzida pela secreção insuficiente de
saliva, sendo considerada uma alteração frequente nos pacientes em tratamento
oncológico, cessando logo após o término do tratamento, complicando a
deglutição do bolo alimentar, além de trazer a sensação de queimação na boca,
alterações no paladar e mau hálito.
Como a
criança tem mais dificuldade para comer, acaba optando por alimentos pastosos e
líquidos ricos em carboidratos que fermentam na boca, facilitando o
aparecimento da cárie. Como prevenção para o controle da placa podem ser
utilizados "géis" e "soluções com flúor", para fortalecer o
dente.
A candidíase
oral chamada popularmente de “sapinho” é uma infecção causada pelo excesso de
fungo Candida albicans na boca, que se desenvolve quando a resistência
imunológica encontra-se enfraquecida. Os sintomas são ardência e placas
esbranquiçadas na boca, língua ou garganta, dor ou dificuldade para engolir.
Comuns em pacientes imunossuprimidos, esse fungo tem cura e o seu tratamento
deve ser orientado por um clínico geral ou dentista, sendo feito com
enxaguantes bucais, antifúngicos e correta higiene oral.
Mediante o
acompanhamento odontológico às crianças assistidas, durante e após o tratamento
oncológico, tentamos controlar os
problemas bucais, reduzir a possibilidade de dor, promover a cicatrização mais
rápida de lesões como a mucosite, prevenir as infecções, favorecer a
alimentação por via oral e reduzir ou evitar o tempo de internação hospitalar,
melhorando assim a qualidade de vida posterior ao tratamento.
Casa de Apoio à Criança com câncer Durval
Paiva
Assessoria de Comunicação
(84) 4006.1600/ 9981-3474/ 9622-4544
Na luta contra o câncer, quanto
mais cedo, melhor!
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