Por
Paulo Tarcísio Cavalcanti - jornalista*
Como
qualquer eleitor que reconhece a importância e a grandeza de um voto - como ato
de cidadania - tenho meus candidatos, mas considero como legítimas e dignas
todas as outras aspirações.
Se
fosse candidato - que Deus me livre - também pensaria da mesma forma.
Que
Deus me livre? Por que?
Porque,
aos 74 anos, não me sinto mais com idade de procurar sarna pra me coçar.
Qualquer
cargo público, sob a minha visão, mais do que prestígio e poder, coloca nos
ombros de quem o ocupa responsabilidades muito pesadas.
Tanto
do ponto de visto concreto, como do ponto de vista abstrato.
Veja-se
um cargo executivo, por exemplo: a segurança destroçada, com as forças
policiais absolutamente marginalizadas, sem condições materiais e, muitas vezes
até psicológicas, de enfrentar a bandidagem. A saúde, meu Deus do céu: é duro
saber que existem pessoas morrendo à mingua por falta de atendimento. E vai por
aí à fora.
Mesmo
sabendo que tais problemas não foram criados por mim, não conseguiria dormir
sabendo que encontrar solução pra todos eles estava sob a minha
responsabilidade.
Por
isso, não escondo a minha admiração por aqueles que se dispõem a ir buscá-los
(quando candidatos) e que, especialmente por isso, têm o dever e a obrigação de
enfrentá-los (eleitos e no exercício dos cargos que pediram ao povo).
Do
ponto de visto abstrato (mas que não deixa de ser absolutamente concreto), pela
desconfiança generalizada que hoje afeta a classe política, embora reconheça
que, ela própria, criou as motivações dessa desconfiança, ao aceitar e ao
estimular privilégios aos quais 99% da população não têm acesso.
Mas,
convenhamos, apesar desses privilégios, há, também, um grande contingente de
políticos dedicados, com verdadeiro espírito público, e que assumem o difícil
encargo de defender a sua terra e os interesses de quem os elegeu e, por isso,
vivem expostos à execração pública.
Minha
expectativa é de que os candidatos estejam conscientes dos desafios que essa
condição (de candidatos) impõe a cada um: a de serem servidores públicos,
convictos de que o bom salário que estão buscando precisa ser merecido - pela
experiência, pela capacidade de enfrentar e resolver problemas, pela ação
transparente, eficiente e bem intencionada.
Desejo
a todos uma campanha de alto nível, respeitosa entre si e, principalmente, com
relação à população que se ressente de decepções.
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