Por Laíse
Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva
CRP 17-3166
O
adoecimento, principalmente para crianças e adolescentes, além de sintomas
físicos, traz repercussões emocionais que podem ser vivenciadas como situações
traumáticas na vida do sujeito. Para dar conta de uma nova rotina, cheia de consultas,
procedimentos e restrições, o sujeito “deixa de ser criança”. Durante o
tratamento oncológico, por exemplo, pacientes e familiares frequentam o
hospital e a casa de apoio - instituições que carregam a marca de cuidado,
porém, também tem a marca de adoecimento e de dor. As condições do tratamento
quebram sua rotina de vida, podendo alcançar sua totalidade de modo que o
desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo podem ser afetados.
Assim, surgem demandas psicológicas que requerem bastante atenção.
Na Casa
Durval Paiva, uma das atividades pensadas para garantir o resgate da rotina do
ser criança, é o Passeio Terapia, o qual ocorre quinzenalmente e tem como
principal objetivo promover o acesso à cultura e ao lazer, numa articulação e
interação com sua realidade de vida e os temas propostos na classe domiciliar.
O Passeio Terapia tem o intuito de despertar um novo conhecimento de mundo e um
momento fora da rotina de tratamento das crianças e adolescentes atendidos na
instituição. É o ir além das paredes da casa e do ambiente hospitalar em que
eles realizam o tratamento.
Os passeios
oportunizam o resgate da cidadania, possibilitando o acesso à cultura e a
circulação humanizada pela cidade. Além disso, também tem como foco
reinseri-los na sociedade com dignidade. Há relatos de pacientes que, através
dessa atividade, teve a oportunidade de ver o mar e sentir a areia da praia
pela primeira vez. Também houve a partilha de que ir ao campo de futebol foi a
realização de um sonho. É imprescindível ultrapassar a própria estrutura física
e buscar uma rede de suporte social. Essa atividade mostra o quão importante é
pensar em uma rotina voltada para os usuários, incentivando a cultura e
priorizando as necessidades e desejos da vida cotidiana do grupo.
Estimular a
independência e a autonomia não significa deixá-los tomar decisões e fazer
escolhas por conta própria. Para um desenvolvimento saudável é necessário que
se interaja com o ambiente, seja ele interno – como foi pontuado, a casa de
apoio e o hospital, ou externo. Incentivar a realização de atividades e propor
novos desafios é fundamental para dar a possibilidade deles superarem seus
limites e explorarem o ambiente. É importante observar como essas
crianças/adolescentes enfrentam os erros, as decepções e o olhar do outro. A
partir do contato com a sociedade, é possível identificar possíveis
dificuldades de enfrentamento durante e após o tratamento médico, como por
exemplo, o olhar preconceituoso ou de pena da sociedade diante de pacientes
carecas e com máscaras no rosto.
A observação
do psicólogo em ambientes externo à estrutura física da instituição permite
futuras intervenções durante os atendimentos individuais e grupais,
possibilitando o fortalecimento das estratégias de enfrentamento utilizadas por
cada um dos pacientes, para vivenciar o processo de tratamento do modo mais
saudável possível. Percebe-se ainda o fortalecimento do vínculo com a equipe de
cuidado, o aumento da autoestima e, por consequência, uma melhor adesão
terapêutica.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
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