Por Laíse Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva
CRP 17-3166
Durante as
internações hospitalares para realizar o tratamento do câncer, quando o
paciente é uma criança/adolescente, devemos lembrar que além de cuidar do
enfermo, deve-se ter uma atenção importante aos familiares. Danos causados pela
doença também são capazes de afetar os pais de modo intenso, pois pode haver
uma mudança na rotina doméstica, no aspecto financeiro e profissional dos
cuidadores, tendo potencial até de afetar a vida conjugal dos pares, o que
algumas vezes causa certa desestruturação na família.
Em geral, as
famílias se envolvem com tudo o que acontece, do momento do diagnóstico até as
intercorrências do tratamento, tudo gira ao redor do doente, de seu estado
físico e psíquico. Assim, há angústia quando o paciente passa mal, sustos caso
algo diferente aconteça e superproteção no cotidiano familiar.
É importante
ter um cuidado especial com os acompanhantes que passam por um momento de
crise, dada a ocorrência de um desequilíbrio entre a quantidade de ajustamento
necessário de uma única vez e os recursos psíquicos imediatamente disponíveis
para lidar com ele. O desequilíbrio na dinâmica familiar é muito comum em
situações em que o paciente mora em um município diferente daquele que realiza
o tratamento e tem internações recorrentes, pois diante da necessidade da
criança/adolescente ter uma atenção integral de pelo menos um familiar, na
maioria das vezes, a mãe, essa acompanhante se ausenta do trabalho, das
atividades domésticas, dos grupos sociais que frequentava e até mesmo fica
distante do marido e dos outros filhos.
Em alguns
casos, que são acompanhados pela Casa Durval Paiva, após o diagnóstico de
câncer de um dos filhos, a família passa por uma nova configuração familiar.
Geralmente, o pai fica responsável pela manutenção financeira da família,
aumentando a cobrança pessoal, pois, se antes a família tinha a renda do pai e
da mãe, agora ele será o único responsável pela aquisição dos recursos. Os
outros filhos precisam ter uma pessoa de referência que assuma os cuidados. Comumente
são as avós ou tias que ocupam esse lugar, enquanto a mãe está acompanhando o
filho doente. E, por vezes, surgem conflitos conjugais, principalmente pelo
casal estar passando por um momento de fragilidade emocional e ter dificuldade
de solucioná-los.
Por vezes, o
familiar que acompanha o paciente (geralmente, a mãe) quer poupar aquele outro
que está distante (comumente, o pai), por imaginar que vai minimizar o
sofrimento do outro se ele não tiver acesso às informações. Nessas situações,
pode vir à tona sentimentos de culpa por omitir ou por imaginar que tais
notícias causarão sofrimento. O familiar que não vivencia a rotina do
tratamento tem o direito violado de ter acesso às informações clínicas do
paciente, dificultando que ele entre em contato com o sistema de crenças – com
a sua visão diante da doença e da vida - possibilitando mudanças nos estigmas
relacionados ao câncer.
É importante
que o psico-oncologista trabalhe o fortalecimento dos vínculos afetivos entre
família e paciente, tendo como objetivo facilitar o diálogo verdadeiro,
capacitando-os a compartilhar experiências e emoções, como também a
participação dos familiares nas decisões junto ao paciente. É pensar que
através de relações e vínculos saudáveis, eles podem ter mais facilidade para
seguir juntos, formando uma grande parceria. No momento em que se atende o
filho, eles podem compartilhar as dores, medos e angústias para que estas
possam ser amenizadas.
As perdas,
fantasias e medos são aspectos que podem ser trabalhados pela equipe multidisciplinar
através da clarificação e comunicação. A sociedade silencia a dor da alma
porque é ameaçadora. O psico-oncologista deve trabalhar com as crenças
individuais que cada um delas apresenta. Para compreender como uma pessoa lida
com o adoecimento de alguém muito querido é necessário entender como ela
interpreta a doença.
Sandra Cerqueira
Assessora de Imprensa
84 99981-3474/ 99622-4544
Na luta contra o câncer, quanto
mais cedo, melhor!
Foto relacionada à divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário