Por Laíse
Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga -
Casa Durval Paiva
CRP 17-3166
O tratamento
do câncer na infância e na adolescência tem apresentado um progresso nas
últimas décadas. Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva), do ano de 2016, 80% das crianças e adolescentes com
câncer têm a chance de ser curadas, desde que o diagnóstico seja precoce e o tratamento
seja realizado em centros especializados. Mas, o que fazer com os pacientes que
não se enquadram nessa porcentagem?
Diante dos casos que evoluem com dor e sofrimento, o que deve ser feito
quando a terapêutica específica não é efetiva?
O cuidar quando não se pode curar.
Infelizmente,
para muitos aqui no Brasil, dizer que o paciente está em cuidados paliativos é
sinônimo de que não há mais nada a ser feito por ele. Se para muitos, a
comunicação do diagnóstico do câncer está associada à sentença de morte, quando
se recebe a notícia de que o paciente está fora de possibilidade terapêutica
curativa – em Cuidados Paliativos - a associação à sentença de morte é ainda
maior.
Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), os Cuidados Paliativos são cuidados ativos
e totais aos pacientes quando a doença não responde aos tratamentos curativos.
O controle de sintomas (psicológicos, sociais e espirituais) torna-se
prioridade, pois o objetivo é alcançar a melhor qualidade de vida possível,
tanto para o doente, quanto para a sua família. A OMS amplia o conceito dos
Cuidados Paliativos, afirmando que não há aceleração da morte, que existe uma
afirmação da vida e considera o morrer como um processo natural da vida humana.
Como também, defende a procura no alívio da dor e dos desconfortos, a
integração dos aspectos psicossocial e espiritual nos cuidados do paciente e o
oferecimento do apoio para ajudar a família a suportar as questões durante a
doença do paciente e no processo do luto.
No momento
em que o paciente entra em Cuidados Paliativos, percebe-se que é uma etapa
cheia de perdas, dificuldades e medos. Há o medo da dor, da piora dos sintomas,
do não-dito (segredos e questões em aberto), de não finalizar tarefas
importantes, da própria morte e do pós-morte. Alguns pacientes questionam se
morrer será dolorido, por exemplo. Na medida em que eles se permitem conversar
e expor suas inquietações/dúvidas, estas perguntas podem ser elaboradas e
sanadas, possibilitando a criação de novas estratégias de enfrentamento para o
processo de tratamento.
Mesmo diante
de todo o sofrimento frente ao tratamento, o câncer pode criar um novo sentido
para a vida das pessoas. Geralmente, elas fazem reflexões sobre a vivência de
seus sentimentos, suas inseguranças e seus medos. A família também vivencia
esses sentimentos, cada um do seu jeito particular. Ambos pensam no futuro
incerto. Nos casos em que não se pode alcançar a cura, há muito que ser feito
como: disponibilizar medicações para o controle da dor, viabilizar a realização
de vontades e desejos, respeitar a dignidade e resgatar a autonomia do paciente
em relação ao seu tratamento, dando o direito de participar das decisões da
equipe.
É essencial
que haja uma equipe interdisciplinar humanizada para oferecer suporte, com
ênfase na qualidade de vida. Cabe a todos os profissionais criar um espaço de
acolhimento, empatia e segurança, que possa facilitar a verbalização dos
sentimentos e desejos.
A
ressignificação de vivências, a exploração de recursos de enfrentamento, o
favorecimento de uma comunicação mais eficaz e clara entre a tríade
paciente-família-equipe e a estimulação dos rituais de despedida entre o
paciente e seus familiares, são algumas das possíveis intervenções terapêuticas
para o psicólogo. A prática dos rituais de despedida entre familiares e
pacientes pode prevenir o surgimento de sintomas psicológicos, por possibilitar
a elaboração de conflitos familiares e de possíveis sentimentos de culpa.
Trabalhar
com Cuidados Paliativos é estar com o paciente e pensar no controle dos
sintomas físicos e psicológicos, em busca de uma melhor qualidade de vida. É
pensar em qual é o sentido da vida, como também, no significado e sentido da
morte. É lembrar que a morte dá sentido a vida e que a qualidade da morte
reproduz a qualidade de vida que se teve.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
(84) 4006.1600/ 9981-3474/ 9622-4544
Na luta contra o câncer, quanto mais cedo,
melhor!
Foto relacionada à divulgação
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