Iniciativas
desenvolvidas por diferentes setores da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) contribuem em sua essência para a concretização dos novos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fixados pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 2015 a fim de estimular ações em prol da humanidade, do
planeta, da paz e da prosperidade. Essa agenda universal inspirou a realização
do Fórum de Sustentabilidade, projeto do Departamento de Engenharia da Produção
da UFRN em parceria com o Conselho Regional de Administração (CRA) e a Fundação
de Apoio à Pesquisa do RN (Fapern), que teve sua terceira edição realizada no
dia 15 de junho.
Com um
formato diferente dos demais encontros, a programação aconteceu na praia de
Areia Preta, onde uma caminhada de 2,5 quilômetros mesclou conscientização
ambiental e coleta de resíduos finalizada por palestras, debates e uma
exposição sobre os impactos da atividade humana na vida marinha. O Fórum de
Sustentabilidade terá cinco edições no decorrer do ano, em que cada um abordará
temáticas diferentes: cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção
responsáveis, ação contra a mudança global do clima, vida na água e vida
terrestre.
Esses são
cinco do total de 17 objetivos dos ODS, além de 169 metas que serão a agenda
até 2030, quando se espera que estejam plenamente implantados. Para o
coordenador do fórum, professor Júlio Rezende, a discussão dos objetivos leva
os estudantes a participar ativamente da construção de ideias que possam
contribuir para a sua execução. Aluna do 7º período de Engenharia da Produção
da UFRN, Tuíla Lopes das Chagas acredita que o debate é o primeiro passo para
instigar a nova geração de produtores econômicos a conversar mais com o meio
ambiente. “As palestras ficaram para trás, hoje o que queremos são espaços de
conversa, aprendizado e ação. Os fóruns preenchem essa necessidade”.
UNIVERSIDADE
SUSTENTÁVEL
A
sustentabilidade está presente na missão da UFRN e compõe um ponto central do
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) 2010-2019 para nortear ações
acadêmicas e administrativas, que já têm exemplos práticos ao encontro dos ODS.
A educação de qualidade está intrínseca à finalidade da universidade, enquanto
a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades são incentivadas através
da Lei de Cotas, que destina 50% das vagas da instituição para estudantes de
escolas públicas; e da política de assistência estudantil, por meio do Plano
Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que oferece suporte para a
permanência e o êxito acadêmico dos universitários de baixa renda.
Outro
objetivo da Agenda 2030, a igualdade de gênero compõe o trabalho do comitê
“UFRN com Diversidade”, instalado para propor ações de enfrentamento à
violência de gênero que contribuam para a solidificação de uma cultura de
respeito às diferenças. Já a parceria firmada com a Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) atende o objetivo de zelar pela água potável e promover o saneamento
básico, visto que essa é a meta do trabalho realizado junto a 86 municípios
potiguares, com os quais a UFRN colabora para a elaboração de seus planos de
saneamento.
Internamente,
a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da instituição tem as atividades
gerenciadas pela Diretoria de Meio Ambiente (DMA) da Superintendência de
Infraestrutura (Infra), que coordena a política de urbanismo e meio ambiente em
consonância com a Política Ambiental da UFRN. A promoção da energia limpa e
acessível também é realidade na universidade, em que a Comissão Interna de Conservação
de Energia (CICE) pretende reduzir o consumo inicialmente substituindo lâmpadas
menos eficientes por outras de LED, com planos de utilizar fontes renováveis.
Ainda nesse campo, está em construção o Laboratório de Energias Renováveis na
Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), em Macaíba, para o desenvolvimento de
matrizes como a eólica e a solar.
Em âmbito
nacional, uma Comissão Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
foi criada pelo Governo Federal para acompanhar, internalizar, interiorizar e
difundir a execução da Agenda 2030. Os representantes do grupo foram designados
no mês de maio e serão empossados no dia 29 de junho, entre eles a reitora da
UFRN, Angela Maria Paiva Cruz, como representante da sociedade civil no papel
de presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais do
Ensino Superior (Andifes).
“Como
conjunto de universidades, iremos ajudar a construir diretrizes para o Brasil
pensando em propostas que ajudem as instituições de ensino superior a cumprir suas
missões nas variadas regiões do país. Nada melhor que gerar e disseminar
conhecimento embasados em princípios de sustentabilidade que garantam um futuro
mais seguro, com cuidados não apenas ambientais, mas na formação para a
cidadania plena”, declara a reitora sobre os planos de trabalho na comissão.
SUSTENTABILIDADE
E INOVAÇÃO
A inovação
tem forte representatividade na UFRN, que possui três cartas patentes e 166
pedidos de registros de patentes, 98 registros de programas de computador
aprovados e 112 solicitados, além de oito marcas registradas e 33 solicitadas
junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O foco na
aplicação social ganha destaque em ações como o Laboratório de
Sustentabilidade, do departamento de Engenharia da Produção, onde são
desenvolvidas pesquisas sobre a utilização de materiais de reuso e tecnologias
de apoio a assentamentos em regiões áridas.
Um dos seus
projetos é o Tempo de Reciclagem, realizado uma quarta-feira por mês para
receber interessados em consertos ou no desenvolvimento de novos produtos a
partir da reciclagem criativa. As próximas edições estão marcadas para 19 de
julho, 23 de agosto, 13 de setembro, 18 de outubro e 08 de novembro. Outra
iniciativa é o Mars Lab, onde alunos e professores estudam o desenvolvimento de
tecnologias espaciais que podem ser empregadas no semiárido.
“Fazemos um
paralelo entre a escassez de recursos em Marte e as dificuldades de quem vive
no sertão. Como resultado, pensamos em criações com aplicabilidade em
tecnologias sociais”, afirma o professor e coordenador do laboratório, Júlio
Rezende. Já no Museu Espaço Marte, os visitantes encontram recursos como
artefatos em 3D, maquetes, quadros explicativos, vídeos e até aplicativos em
realidade virtual que provocam a sensação de estar no planeta vermelho.
Para os
participantes, a experiência aprofunda o aprendizado nas áreas estudadas. O
bolsista Victor Rodrigues, estudante do 9º período de Engenharia Mecânica e
amante da ciência espacial, acredita que os conhecimentos irão ajudá-lo na
carreira que pretende seguir: a engenharia aeroespacial. “As capacidades adquiridas
só enriquecem meu interesse na área”, assegura.
O
Laboratório de Sustentabilidade fica no campus central da UFRN, em Natal, e
está aberto à visitação da comunidade em geral. Já no interior, outro projeto
apresenta um conceito inovador de educação e pesquisas em sustentabilidade. O
Núcleo de Pesquisa em Engenharia, Ciência e Sustentabilidade do Semiárido
(Nupecs) funciona em Caiçara do Rio do Vento, a 100 quilômetros da capital, e
possui um leque de iniciativas que envolvem alunos e professores da UFRN.
CONSTRUÇÕES
SUSTENTÁVEIS
Uma delas é
a experiência de construções sustentáveis, como casas de garrafas PET e vidro.
O processo produtivo desta última foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) do engenheiro de produção Luiz Vaz, que diz ter aprendido os conceitos e
pilares da sustentabilidade na prática. Atualmente, uma casa de pneus
reaproveitados está em produção e planeja-se utilizar recursos materiais
disponíveis no próprio local para uma experiência de arquitetura orgânica.
Também coordenador
do Nupecs, o professor Júlio Rezende explica que os projetos buscam mostrar o
resíduo não como inimigo, e sim como parceiro se aproveitado de forma criativa.
“Trata-se de uma verdadeira exposição de tecnologias sociais e ambientais, onde
inclusive os governantes têm acesso a ideias para aplicar em suas cidades”.
Interessados podem agendar visitas tanto ao Nupecs quanto ao Laboratório de
Sustentabilidade da UFRN. Outras informações estão disponíveis nos sites
www.nupecsufrn.blogspot.com e www.sustentabilidadelab.blogspot.com. [Marina Gadelha – ASCOM – Reitoria/UFRN]
Fotos relacionadas à divulgação
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