Por Sidney
Caicó
O Data Folha
revela que entre 10 brasileiros 7 são contra a reforma da previdência. A pesquisa
está publicada no Jornal Folha de São Paulo, no dia internacional do
trabalhador.
_ Podemos
refletir juntos para entendermos o que a pesquisa realizada nos dias 26 e 27 e
a greve geral do último dia 28 de abril de 2017 têm a nos dizer sobre a nossa
democracia?
A pesquisa
mostra antes de tudo que por maioria o povo brasileiro está dizendo para o Parlamento
Nacional que a reforma da previdência está sendo elaborada sem consultar a opinião
pública e que na conjuntura atual que o Brasil está inserido no contexto
político e econômico os parlamentares envolvidos na aprovação do projeto não
estão em condições legítimas para impor ao povo um projeto com alto índice de
rejeição.
_ Claro que
existem reformas para serem discutidas e elaboradas, porém convenhamos que no
momento atual pensar em reformas políticas, administrativas (da coisa pública),
de leis e tributárias é a única coisa eticamente possível. Uma de cada vez, com
cautela, com o envolvimento de todas as instituições civis, militares, públicas
e privadas; pois afinal os direitos adquiridos até então têm seu peso histórico
sobre o sangue e suor de muitos brasileiros que nem se quer os utilizaram; e
isso faz pouquíssimo tempo. São direitos adquiridos, legitimados através do
povo, por uma constituição que agora se mostra fraca e facilmente
manipulada por uma minoria de pessoas ricas que usam, assim como os retóricos tiranos
ditatoriais, a vingança e a violência contra o povo no momento que se sentem ameaçados
em suas condições de poder.
A greve
geral e a pesquisa Data Folha nos diz que as reformas não devem ser colocadas
em pauta sem que antes sejam apresentadas e estudadas novas propostas e alternativas
para reforma da previdência e trabalhista. _ tenho uma sugestão: a cada contribuinte
da previdência seja concedido o direito sobre cotas da Petrobrás para subsidiar
a aposentadoria e aumentar a distribuição de renda. A Petrobras leiloará o
pré-sal em breve (Informoney
no dia 01-05), então que venda para os contribuintes brasileiros; cada
aposentado tenha participação nos lucros das empresas estatais. Isso é dar
vantagens e não retirá-las.
Enquanto
alternativas reais não surgem, aguardar a próxima eleição é necessário para que aconteçam
mudanças na assembleia através de indicação dos novos representantes que deverão
assumir os cargos de “funcionários públicos” às instâncias administrativas e
para o cargo de
presidente do país. A corrupção está no ápice da questão, então como em um momento
tão conturbado ao povo são imputadas taxações como se fossem culpados por provocar
a crise? A classe trabalhadora é a única inocente. No Bom Dia Brasil (03-05-
2017) da Rede Globo, uma comentarista disse que um dos grandes problemas que
ocasiona o rombo da previdência é o alto índice de fraudes nas aposentadorias
dos trabalhadores rurais.
_ A fala da
comentarista é notoriamente uma retórica elitista e partidária, posto que com
tantos bilhões retirados do cofre público por políticos corrutos, ela pensa na
aposentadoria do trabalhador para arrumar um culpado e justificar a aprovação
das reformas.
Vejamos quem
abertamente contra a reforma estar participando dos movimentos: O próprio Papa
Francisco, que em carta declara que recusa vir ao Brasil por causa da corrupção
e por saber que os mais pobres “pagam o preço mais amargo” e manda o recado
para que “os políticos evitem medidas que agravem a situação da população mais
carente” (Revista Forum dia 18-04), os Arcebispos do RN Dom Jaime Vieira Rocha
(blog AssessoRN.com, dia 25-04), Arcebispo da PB Dom Manoel Delson Pedreira da
Cruz (Revista Forum dia 23-04), Dom Antonio Carlos Bispo do Rn em
pronunciamento via rede social no dia 26-04, onde juntos com a Província
Eclesiástica de Natal RN e Mossorá RN, emitem uma nota contra a reforma, os
mais de 40 mil juízes e o próprio Ministério Público com uma nota de repúdio
contra reforma que tramita no congresso (Brasil de Fato do dia 25-04), as
centrais sindicais (Jorna de Brasília dia 22-04), Entidades em defesa do povo
indígena (Brasil de Fato, no Dia dos Indígenas), Sindicatos e Associações das
Polícias Federal, Militares e Civis (Jornal de Brasília do dia 18-04), Juízes
do Trabalho (Sit 247 do dia 17-04), A Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras
em Instituições Financeiras do RS (Sit 247 no dia 17-04), também trabalhadores
do transporte coletivo municipal e intermunicipal, ferroviários e metroviários
da maior capital do país (Sit 247 de 21-04), e juntos com os parlamentares
dessa lista http://placardaprevidencia.com.br/ some agora os 71% de Brasileiros
contra a reforma.
_ Podemos
imaginar a corrida política para próximas eleições, também imaginem os gastos
para convencer o eleitorado; pense de onde sairá esse dinheiro para bancar essa
próxima campanha? Imaginar 70% na intenção de votos para um candidato não
haverá nem segundo turno.
_ Quem mais
lucrará com as reformas? Serão as grandes empresas multinacionais que terão mão
de obra escrava e os bancos que vendem planos de previdência (Brasil de Fato no
dia 19-04), só em 2016 faturaram cerca de R$ 103 BI. _ Podemos imaginar os
porquês pelos quais os parlamentares têm “ouvidos de mercadores”?
A reforma
previdenciária aprovada no mandato do atual governo afirmará o poder da classe
elitista sobre as demais, de um único seguimento social, de um único partido,
mostra o quanto é frágil a nossa democracia e que as classes populares aceitam
as imposições, além de legitimar o poder da classe política acima da própria
Constituição Federal. Quanto à sociedade civil organizada e instituições
seculares serão desacreditadas, tendo em vista que sem o apoio da classe
política restam-lhes cumprimentos das formalidades.
_ Os
Presidentes sofrem empiechments, mas apenas a classe política e a elitista
estão empenhadas para defender seus interesses. Na real, agora sabemos que as
demais instituições e classes populares parecem não exercer a diferença nas
decisões. A pesquisa do Data Folha e a greve geral tem a nos dizer que devemos
perguntas a democracia: em verdade o povo brasileiro foi ouvido em qual momento
da história?
*Sidney Caicó, acadêmico de Psicologia na UFRN,
autor de O tesouro de Sant’Ana.
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