Lembranças
da redação da Tribuna do Norte
Carlos
Eduardo frente a frente com o perigoso Eliseu Satanás
Por Emanoel Barreto*
Quando muito jovem o prefeito Carlos
Eduardo Alves teve passagem pela redação da Tribuna do Norte levado pelo seu
pai, jornalista Agnelo Alves. Creio que foi em 1982, permanecendo no jornal
mais uns dois anos, algo assim.
Eu ocupava a editoria de Cidades e
lembro como se fosse hoje: eram mais ou menos três e meia da tarde quando
Agnelo aproximou-se, e me chamou: “Barreto.”
Eu me virei e ele continuou: “Esse é
meu filho Carlos Eduardo. Vai trabalhar aqui no jornal. Trate como você trata
qualquer um dos outros repórteres.” Não conversou muita coisa mais e saiu.
Carlos Eduardo, que nesse tempo
tinha o apelido de Tata, entrou em ação dia seguinte: como não tinha qualquer
experiência foi enviado para cumprir pauta abordando assuntos mais simples.
Coisas como reclamações
comunitárias, poste com lâmpadas queimadas, buraqueira em bairros distantes. À
medida que ganhava experiência foi assumindo questões mais difíceis, que
exigiam do repórter mais atenção e disposição para que os fatos ficassem bem
apurados.
Uma dessas matérias envolveu a
perigosíssima figura de um tipo conhecido como Eliseu Satanás. O apelido já diz
tudo. Era famoso no noticiário policial: truculento e brutal, dizia não ter
medo de nada.
Vendia gasolina estocada ilegalmente
em grandes tonéis, fazia desocupação violenta de terrenos por posseiros e
reagia quando a polícia o buscava. Dizia não recuar nem mesmo diante do Mão
Branca, o matador – ou matadores – de bandidos que quase diariamente abandonava
corpos de criminosos em terrenos baldios de Natal.
Pois bem: Carlos entrevistou Eliseu
Satanás a respeito de uma de suas tropelias. O enquadramento da matéria, como
não poderia deixar de ser, era francamente desfavorável ao medonho
entrevistado.
Pronto o texto, foi publicado na
página cinco. Foi assinado e ocupou a manchete do jornal. Dia seguinte Eliseu
Satanás riscou na portaria da Tribuna. Perguntou:“Aqui tem um repórter chamado
Carlos Eduardo?”
O rapaz que o atendera, confirmou:
“Tem sim.”
Satanás quis saber: “E quem é ele?”
Resposta: “É o filho do dono do
jornal.”
Diante da resposta a perigosa
criatura preferiu não levar adiante seus certamente terríveis intentos contra o
jovem repórter Tata e desabafou:“Diga a ele que escapou de boa!” – e foi-se
embora.
Somente vim a saber dessa história
anos depois, Carlos já prefeito, primeiro ou segundo mandato. Encontramo-nos
num shopping, ele falou a respeito e disse: “Rapaz, você quase que me põe num
rabo de foguete...”
Foto relacionada
à publicação
www.pdt.org.br/index.php
*Com post na página do jornalista
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