Documentário Passo da Pátria – Porto de
Destinos lança olhar sobre uma das comunidades mais antigas de Natal
![]() |
Foto de Alex Régis ganhadora do prêmio BNB
de Jornalismo 2013
|
A comunidade
do Passo da Pátria se desenvolveu de forma improvisada e desordenada, espremida
entre a linha do trem e o rio Potengi, próximo aos bairros do Alecrim, Cidade
Alta e Ribeira, em decorrência da intensa movimentação comercial no local entre
o final do século 19 e início do século 20, quando foi o principal porto e
porta de entrada do comércio na capital do Rio Grande do Norte.
![]() |
Foto reproduzida página jzs/divulgação |
“Certa vez, resolvi
ir lá para produzir a capa de um caderno especial. A intenção era capturar uma
imagem de pesca bem plástica. Tinha ali o local perfeito, com o cenário
composto por barcos e a luz do pôr do sol refletida no rio Potengi. Depois de
fazer a foto, comecei a conversar com o pescador ‘Nino do Peixe’. Ele falava do
Passo com um orgulho, um brilho no olhar que me despertou o interesse em
pesquisar a história da comunidade”, diz o fotógrafo, contando como surgiu a
ideia do documentário.
Alex Régis
saiu de lá com a foto que lhe daria o prêmio BNB de Jornalismo e também com uma
visão menos preconceituosa. “Eles sofrem discriminação. Quem passa ali na
Avenida do Contorno e olha pra comunidade, tem medo”, diz.
Com o tema
definido e uma prévia ideia de que linha seguir, convidou o jornalista e
dramaturgo Paulo Jorge Dumaresq para escrever o roteiro e o ajudar na direção.
Os dois já haviam trabalhado juntos no curta de ficção "Incontinências”
(2014). Entre planejamento, pré-produção, produção, edição, finalização e
mixagem de áudio, o documentário levou um ano para ser feito — 100% com
recursos próprios e a colaboração de parceiros.
Os diretores
primaram por contar a história do Passo da Pátria, desde os primórdios até os
dias atuais, pela boca de seus moradores.“Creio que fomos fieis ao nosso
intento”, avalia Dumaresq.
A ideia
inicial era produzir um curta-metragem, mas, ao entrar no Passo, eles se
depararam com a riqueza humana da comunidade, a geografia peculiar do lugar e
belezas naturais. De modo que foram fortemente atraídos pelas possibilidades
que o lugar ofereceu. “Quando assistimos todas as entrevistas e as imagens
capturadas, chegamos à conclusão que o filme tinha virado um longa. Ele ficou
com 70 minutos”, diz Alex Régis.
Os
realizadores optaram por uma fotografia limpa, com luz natural e sem muitos
efeitos. “Aproveitamos ao máximo as cores da comunidade. Cor é vida. E o Passo
tem sua dinâmica própria na colorida alegria de seus habitantes. Usamos ainda a
cor sépia para remeter ao passado”, fala Dumaresq.
O
documentário é quase todo construído a partir das memórias e narrativas dos
moradores. Mas Paulo Dumaresq e Alex Régis tiveram também a ideia de convidar
um ator para interpretar Luís da Câmara Cascudo e recitar seus escritos sobre
os tempos áureos do Passo. O escolhido para o papel foi o carioca Ruyter de
Carvalho, com experiência no teatro, no cinema e na TV, inclusive participações
em novelas da Globo, como o folhetim “Que Rei sou eu?”.
“Os textos
foram extraídos do livro História da Cidade do Natal. Mas não quisemos
mimetizar o ator de Câmara Cascudo. Apenas remeter ao folclorista e
historiador. É importante esclarecer isso”, ressalta Dumaresq.
A trilha é
toda potiguar e original, composta para o filme, com direção musical de Adriano
Azambuja. Destaque para a canção "Passo da Pátria - Porto de
Destinos" (de Antônio Ronaldo e Franklin Mário), interpretada pela cantora
Antoanet Madureira, e o rap "As margens", do projeto Éris (Artur
Faustino e Bruno Otávio). Participam ainda os músicos Nicholas Guitarman, Dudu
Campos, Isaac Ribeiro e Heudes Régis.
A equipe
técnica praticamente foi a mesma de “Incontinências”, com a adição da cineasta
e montadora Suerda Morais, da CaSu Filmes, produtora parceira. A Peron Filmes
também apoiou com equipamentos. Colaboraram ainda Camilla Natasha e Davis
Josino (produção de set), Nilson Eloy (som direto e mixagem de áudio) e Alysson
Régis (platô).
O filme
contou com o apoio da Secretaria Municipal de Comunicação Social da Prefeitura
de Natal, Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, Nalva Melo Café Salão,
Bardallo’s Comida & Arte, Associação para o Desenvolvimento de Iniciativas
de Cidadania (ADIC/RN), CBTU, Estúdio Sonorus e o jornal Tribuna do Norte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário