Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Exercício difícil esse
de entender a política do Rio Grande do Norte. Você já tentou, racionalmente,
compreendê-la? Veja, para a presidência da República tudo está no seu lugar. O governo
tem a sua candidata e a oposição os seus. Sabemos nomes e partidos. Aqui está
se aplicando bem aquela conversa do mineiro que disse que política é como
nuvem, muda a cada hora. É hoje, amanhã não é mais. Porém, depois de amanhã
repete-se o que foi dito ante-ontem. Entendeu? Percebeu como é difícil? Hoje a
chapa majoritária está confirmada, martelo batido. Amanhã, nem tanto. Depende
da orientação nacional, da capacidade de captação de grana, do entendimento na
arrumação dos votos proporcionais, do que estão dizendo as pesquisas, disso,
daquilo, daquilo outro. Amanhã, a nuvem já terá outro formato, levada pelos
ventos dessas alternativas todas.
Hoje, estou contigo, tu
estás comigo mas nem tanto. Há juras de amor e de admiração, mas não de
fidelidade. É difícil entender tudo isso. Se desejar esquentar ainda mais a
cabeça, saia da disputa estadual e mergulhe na municipal, pontualmente em
Mossoró. Faz pouco mais de um ano foi disputada uma dura campanha na cidade,
blocos partidários articulados, mesmo não oferecendo liga de boa qualidade.
Resultado anunciado, prefeita empossada e aí entra a justiça eleitoral e
desaloja a eleita da prefeitura. Atinge também a principal concorrente, ambas
acusadas de abuso eleitoral, as duas tornadas inelegíveis. Convocada nova
eleição, elas voltam à disputa, abrigadas nos mesmos partidos de antes,
escolhidas em convenções. Aguarda-se o capítulo seguinte, o do registro na
justiça eleitoral. Mas até lá, fica o exercício complicado e difícil de se
entender. Houve uma mudança impensável nos rumos e no formato das nuvens da
política mossoroense, inimaginável poucos meses passados, mesmo em se tratando
de política.
Em Mossoró, na eleição
de 2012, o DEM estava com o DEM e o PMDB também. O PT e PSB estavam num lado
só. Hoje, seis candidatos disputam a prefeitura. O DEM está mas não esteve. A
direção estadual faz declaração de amor à candidata, mas não prestigiou a
convenção. O PMDB está aqui, ali e acolá. Abandonou o DEM e foi no rumo do PSB,
a quem combateu no pleito passado. Mas tem ainda lideranças suas aliadas ao DEM
e ao PSD. O PT, que esteve com o PSB na eleição de 2012 agora repete a fórmula
anunciada, mas ainda não confirmada, da coligação estadual para outubro deste
ano, juntando-se ao PSD. Indicou o vice , compondo a chapa com o prefeito
interino.
Complicado, não? Meu
sentimento é o de que o herói que conseguiu chegar até este ponto da leitura
não entendeu nada. E imagine que ainda há gente trabalhando para novas mudanças
no quadro estadual. Nuvens novas, em novos formatos e em outras direções.
Pensando bem, nada mudou, tudo se repete.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no Novo Jornal [Leia também: A gota d’água já enche a paciência dos motoristas]
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