Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Favela do Maruim, 70 a 80 anos o natalense ouvindo
falar nela. Do seu nascimento, passando pelos botecos onde boêmios mais afoitos
curtiam a cerveja acompanhada de peixe, às vezes com tapioca, até os dias de
hoje, ela está sempre presente no noticiário. De uns tempos pra cá má falada
por ser uma pedra no caminho dos projetos de ampliação do nosso porto. A
segunda pedra, porque a primeira, a da Bicuda, já foi pro brejo há muito tempo.
A do Maruim é renitente. É pequena, bem pequena, se comparada às outras favelas
que estão por aí. Mas firmou-se como a dona do pedaço, resistente a todas as
ações anunciadas para transferi-la.
Promessas já foram feitas decretando seu fim,
anunciaram que o dinheiro estava ouvindo a conversa, reuniões se realizaram.
Nada. Por todos os motivos a transferência das famílias que moram ali (é
terrível essa história de “remover a favela”) é uma medida importante. É
oportunidade de levar aquelas pessoas a uma área mais estruturada, com moradia
mais digna, oferecer melhor condição de vida. Depois, favorecer a medidas
ligadas ao desenvolvimento da cidade e do estado. Temos um porto pequeno e sem
infra-estrutura. Mas é, em nosso país, o mais próximo do continente europeu.
Nunca será grande, mas pode melhorar muito.
Para receber e desembarcar maior volume de carga e
até se habilitar a ser ponto de partida de grandes cruzeiros marítimos precisa
ser ampliado. Isto sem falar no novo cenário que o fim da favela emprestaria
àquela área das Rocas, bem próxima à do mercado modelo que a administração
municipal promete construir.
Ruas largas, áreas livres que se prestam a um belo
projeto de urbanização. Mas o Maruim fica ali, há anos resistindo aos anúncios
de seu fim. E o porto fica por lá, atrofiado. E as Rocas, vizinha da Ribeira
que pede para se revitalizar, aguarda o dia em que ficará vestida de novo, mais
bonita.
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