por Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
Antecipo o meu pedido de desculpas ao leitor,
se houver, já cansado pela repetição do
tema. Ocorre que não dá pra segurar a indignação ao ver a mulher com a criança
no braço, no limite da beira da calçada e o início da faixa de pedestres a
sinalizar pedindo passagem, sem sucesso. Manhã, perto das 7 horas, a criança no
colo vestida com a farda escolar e o motorista do carrão Honda solenemente
atropelando as normas do trânsito,
achando desimportante o gesto da mulher que apelava à sua compreensão.
Com mais um agravante, a cena não se desenhou de repente. Distância e tempo
sobravam para que a ação do motorista fosse responsável. Mas sua pose e
prepotência estavam acima do legal, do
bom senso e do respeito.
Atrás do carrão que seguiu com seu piloto
insensível, vinha um ônibus. Seu motorista teve grandeza no gesto simples,
humano e legal de parar o veículo. Foi retribuído pelo comportamento da mulher
que sorriu e acenou com a cabeça. Do banco do meu carro imaginei o placar:
gentileza 10 X 0 arrogância. A cena aconteceu na Olinto Meira, ali onde a rua se bifurca,
trecho entre o Colégio das Neves e a Alexandrino de Alencar. Fosse aquele um
fato isolado, uma exceção, talvez até nem merecesse uma indignação capaz de
motivar estas linhas. A questão é que ele se repete, se repete e se repete, se
multiplica e se multiplica em muitas ruas e avenidas e tudo fica por isso
mesmo.
Nada no trânsito é tão desmoralizado quanto as
faixas de pedestres. Será que no Detran ou em qualquer outro lugar há registros
de multas por desrespeito àquelas passagens? Nunca ouvi falar. Até volto atrás.
A questão dos estacionamentos sobre as calçadas é páreo duro para aquelas
faixinhas celebrizadas pela capa do disco dos Beatles. E nas duas coisas uma
impiedosa coincidência: o punido, o prejudicado, o desrespeitado é o pedestre.
O risco, o perigo sobra pra ele. Mas não sejamos injustos, faz-se necessário
registrar que já cresce o número dos motoristas que sabe enxergar o dever e a
correção de respeitar o pedestre, de seguir o que pede as normas do trânsito.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no Novo Jornal com post no blog do jornal
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