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Na foto Lourival Batista e Pinto/Divulgação
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Quem assiste cantoria recorda dos desafios feitos pelos
cantadores. É muito apreciado e gostoso ouvir os repentistas criarem na hora,
versos engraçados e inteligentes de forma que agradam a todos os ouvintes. No
Círculo Operário por volta de 1974, por acaso e por minha Curiosidade em ouvir
cantorias e repentes, conheci naquele
momento o grande repentista LOURIVAL BATISTA. Isso foi um momento ímpar
na minha adolescência.
Veja só, o poeta
José Amâncio participava
de uma animada
Cantoria quando assim falou sobre o amigo Chico Felício já com seus setenta anos, que ali estava
presente para lhe prestigiar. Assim sendo saiu-se com esse repente:
Felício já
namorou
No seu tempo
de rapaz.
Já amou, já
foi amado,
Hoje é que
não ama mais.
Tá qual
ferro de engomar,
Solta fumaça
é por trás!
Outro cantador, apesar de ter lido a Bíblia, pareceu não acreditar no que estava escrito e,
Disse o repente seguinte:
A Escritura
Sagrada
Eu acho um
livro bonito,
Mas tem uma
coisa nele
Que eu morro
e não acredito:
Que é um
jumento tirar
De Belém
para o Egito.
Lourival Bandeira Lima duelava com o potiguar Domingos Tomaz grande cantador, quando fez
referência a sua origem racial e, iniciou o duelo com o mote:
Minha mãe
foi branca e bela,
E teve bom
proceder!
Domingos não contou
conversa, notando em Lourival
alguns traços que contradiziam o que ele acabava de dizer, respondeu-lhe em cima da buxa:
Faz vergonha
até dizer,
Que sua mãe
foi branca e bela;
E este seu
cabelo ruim,
Por que não
puxou a ela?
Ou seu pai é
muito preto,
Ou então,
foi truque dela!
Pinto de Monteiro
fenomenal repentista foi
convidado para uma refeição numa propriedade do município de Monteiro, onde foi
servido entre outras coisas, queijo fabricado
na própria fazenda. À noite, numa cantoria com o cantador Joaquim
Vitorino, ficou sabendo de certas particularidades que
aconteciam durante a fabricação do
queijo que ele havia
saboreado tão prazerosamente. Em versos externou sua decepção pelo
queijo:
Há vários
dias que ando,
Com o
satanás na corcunda:
Pois, hoje,
almocei na casa
Duma negra
tão imunda,
Que a prensa
de espremer queijo
Era as
bochechas da bunda!
Antonio Marinho cantava em São José do Egito (PE). Presente ao
recinto estava um doutor conhecido por Edmundo, que pareceu não gostar de algumas
brincadeiras ditas pelos cantadores. Mesmo assim, Marinho não se intimidou
diante daquela culta figura e soltou
O verso no salão:
Parece que
não gostou
Nobre doutor
Edmundo,
Que é o
doutor mais feio
Que eu já vi
neste mundo,
Que o fundo
parece a cara
E a cara
parece o fundo.
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