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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Artigo Casa Durval Paiva: A rotina educativa na classe hospitalar; integrando ações humanescentes no tratamento do câncer infantil

Por Gabriella Pereira do Nascimento
Coordenadora Pedagógica - Casa Durval Paiva

Para crianças e adolescentes a escola é o espaço de integração, cooperação, interação, aprendizado. Espaço de vivências que possibilitam o desenvolvimento do ser humano de forma significativa e que, por isso, faz parte da rotina diária de muitos sujeitos. O diagnóstico de uma doença tão invasiva quanto o câncer traz consigo uma série de perdas, entre elas está a rotina. Rotina de vida que inclui o acesso e participação nas vivências escolares.

A criança/adolescente passa, abruptamente, a participar da rotina técnica e dinâmica do hospital, sendo examinado, observado, passando por procedimentos, rodeado por aparelhos e protocolos médicos que não fazem parte do seu cotidiano prévio ao tratamento.
Com tamanhas mudanças acontecendo em sua vida, percebidas tanto nas atividades de vida diária (brincar, estudar, passear...), quanto também na forma física e psicológica, reorganizar uma rotina pela qual o sujeito possa retomar e ressignificar suas atividades cotidianas não se configura uma tarefa tão simples.

Conforme Albertoni (2014), levando em consideração que o tratamento de saúde se torna nessa conjuntura, o foco de maior atenção tanto da criança/adolescente, quanto de sua família, tem-se como consequência dos fatores supracitados atitudes que corroboram de certa maneira para uma postura de superproteção, benevolência e apatia que precisam ter respostas imediatas, com ações que busquem incluir o sujeito, embora esteja em tratamento médico.

Nessa perspectiva, o atendimento pedagógico hospitalar é realizado objetivando, entre tantos fatores, oportunizar a retomada, mesmo que mínima, de uma rotina em que o sujeito possa desenvolver-se cognitivamente e socialmente, aprendendo tanto os conteúdos formais exigidos pela escola, quanto na troca de vivencias e experiências com seus pares, à medida que interage e socializa-se com eles.

Estabelecer uma rotina educativa paralela à rotina hospitalar é possível, embora seja uma tarefa que exige do professor muito “jogo de cintura”. Sua organização tem início com a acolhida e orientação do paciente, da família e da escola formal. Com todas as partes cientes, inicia-se o acompanhamento educacional.

As atividades desenvolvidas na classe têm como aporte principal o viés lúdico, a fim de contribuir com maior significado no desenvolvimento da aprendizagem das crianças e adolescentes assistidos. São desenvolvidas assim, atividades diárias divididas no atendimento em grupo e individual.

No atendimento em grupo, as atividades são compostas de diversos recursos facilitadores, tais como: artes plásticas, música, expressão corporal, literatura, desenho, educação nutricional, educação para saúde bucal, cineminha, além de projetos pedagógicos temáticos interdisciplinares integrados aos conteúdos escolares trabalhados. Desenvolvido na perspectiva multidisciplinar, o atendimento pedagógico em grupo contempla as várias áreas de conhecimento, em paralelo ao tratamento médico, considerando o tempo disponível do aluno que está sendo atendido.

Ao integrar essas áreas, a aprendizagem torna-se mais significativa, pois o educando tem acesso aos saberes através de atividades compostas de diversos recursos facilitadores, tornando-se assim uma prática terapeutizante, que promove a reinserção social numa perspectiva inclusiva.

No atendimento individualizado, é realizado o acompanhamento educacional dos alunos que, por determinação médica ou distanciamento da sua cidade de origem, estão impossibilitados de frequentar a escola regular. No momento em que o aluno é inserido no contexto de atendimento em classe hospitalar, a instituição onde este tem a matrícula de origem, recebe um kit com documentos de orientação para atuar de forma integrada, possibilitando a continuidade do processo educacional de cada aluno respeitando o direito assegurado legalmente.

Com isso, o atendimento é desenvolvido através do contato permanente com a equipe pedagógica das escolas formais, contemplando o ensino de conteúdos indicados, atividades, trabalhos e avaliações durante todo o período que o aluno necessitar, sendo desenvolvido nas salas de aula, ou mesmo nos ambulatórios e leitos hospitalares.

Assim, tem-se constatado cada vez mais que a inserção de práticas que possibilitam a retomada da rotina prévia ao diagnóstico médico, pode incentivar e potencializar respostas positivas ao tratamento dadas pelas crianças/ adolescentes que tem a oportunidade de continuar estudando mesmo fora do contexto formal. A educação hospitalar, nesse sentido, permite que o caminhar para a cura ocorra integrado a ações humanescentes de cuidado e atenção integral ao sujeito.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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