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terça-feira, 22 de agosto de 2017

Jornalista descreve uma época em que o linotipo secular dava lugar ao então moderno offset chapa fria

ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE O JORNALISMO ANTIGO

Por Tácito Costa*
tacitocosta@yahoo.com.br

Bethise, querida, não alcancei Linotipo na imprensa de Natal. A velhíssima guarda (eu sou da velha guarda), Bira Macedo, Woden, Rudson, Arlindo Freire, podem te falar com mais propriedade sobre isso.

Quando estagiei no Diário de Natal, em 1982, o sistema de impressão era offset. A Tribuna do Norte, onde estagiei, em 1984, e fui contratado no ano seguinte, também tinha adotado o offset. O processo industrial, em ambos, era analógico. Eu tive a sorte de conhecê-lo de perto na Tribuna porque iniciei na redação, como repórter, e depois trabalhei na oficina, como secretário gráfico.

Oficina que era comandada por um funcionário antigo na empresa, Baltasar Pereira. O meu trabalho era acompanhar o processo industrial como um todo. Checar legendas, títulos, sequência das matérias de uma página para outra, fotos.

Parte desse material era colado na página (daí o nome “paginação”) para ser transformado em fotolito (filme transparente utilizado para gravar chapas visando à impressão). Tudo manual e no olhômetro. Mas já um avanço considerável se comparado com o período anterior, marcado pela utilização da Linotipo (a oitava maravilha do mundo, para o gênio Thomas Edison).

Não era incomum uma distração e uma legenda sair errada, texto truncado, foto trocada. Apesar de toda a evolução tecnológica, ainda hoje, aqui e ali, deparamos com problemas desse tipo. A parte chata de trabalhar na oficina era o horário, geralmente eu chegava por volta das 20 horas e saía às 2 horas da manhã, se tudo corresse bem.

Somente anos depois, quando virei editor, foi que me dei conta de como tinha sido importante para minha formação profissional essa passagem pela oficina da Tribuna. Pra você como são as coisas, Bethise, o editor que me transferiu para a oficina pensou que estava me fazendo um mal.

Linotipo só conheci na minha primeira passagem pela Assessoria de Imprensa da Fundação José Augusto, na década de 1980, na Gráfica Manimbu, da instituição. Acho que foi desativada há alguns anos.

Uma memória puxa outra. É bom ter um passado para compartilhar. Estava pensando nesse texto para responder a Bethise, quando ele deu as caras aqui na redação. Uma colega de trabalho, que está organizando o arquivo fotográfico, mostrou-me alguns exemplares do jornal que editei a partir de 1994 no Sistema Fiern. Começou trimestral, tamanho A3, preto e branco, e depois virou bimestral e tablóide, colorido.

Hoje, aquele processo parece complexo e até surreal. Naqueles anos era como se podia fazer. Escrevia as matérias à máquina datilográfica, usando papel carbono (na TN e no DN era igual), como precaução para o caso de extravio.

Juntava os textos, titulava, e trimestralmente levava-os em mãos até à Gráfica Clima, na Ribeira, para Fátima digitar e diagramar. Sempre tendo muito cuidado em guardar as cópias em papel carbono. No início, a diagramação era manual. Depois, ela passou a diagramar no computador, no Pagemaker. Um avanço extraordinário. No Pagemaker, ela diagramava comigo ao lado, orientando e fazendo as correções.

De tanto acompanhar eu aprendi a mexer no programa e tempos depois, quando chegaram os computadores na Fiern, eu mesmo passei a diagramar. Aí já era outra época, em que as velhas máquinas datilográficas deram lugar aos modernos processadores da Intel 286 (lançado em 1982), e na sequência 386, 486, e aos disquetes, avanços extraordinários, que mudaram radicalmente a nossa forma de trabalhar e deram início a uma nova e desafiadora era no jornalismo.

*Artigo publicado pelo autor em sua coluna no site Substantivo Plural
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