acesse o RN blog do jornalista João Bosco de Araújo [o Brasil é grande; o Mundo é pequeno]

domingo, 5 de março de 2017

Cultivar e guardar a criação: Uma reflexão sobre a Campanha da Fraternidade 2017

Luciano Capistrano*
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade

Caos

Tempos modernos,
progresso sem limites,
chaminés expelem fumaças,
ares poluídos, reflexos,
cinzas descolorem o céu,
rios, mares, lagos,
águas potáveis findas,
espécies extintas,
natureza finita,
tempo indefinido,
altas temperaturas,
baixas temperaturas,
confusão climática,
geadas, secas, chuvas,
estações indefinidas
tempos loucos,
humanidade finita,
caos ambiental,
Terra, lar em perigo.
(Luciano Capistrano)

A Igreja Católica todos os anos no período da Quaresma, realiza a CAMPANHA DA FRATERNIDADE, nascida em Natal na década de 1960, sobre a coordenação de Dom Eugenio de Araújo Sales. Natal, provinciana, inaugura um grande projeto de evangelização da Igreja Católica, no inicio o apoio efetivo das “Cáritas Brasileiras”, em uma ação com objetivos de intervir nas atividades sociais das paroquias, além de arrecadar fundos para os projetos sociais, teve desde a origem a finalidade de divulgar o evangelho nas diversas comunidades do Rio Grande do Norte, logo o ideal da Campanha ganhou outros estados nordestinos, para tanto contou a ajuda financeiras de bispos norte-americanos. Abro, aqui, um parêntese para lembrar meu amigo velho, vivíamos o período da chamada “Guerra Fria”, mundo polarizado entre EUA e a antiga União Soviética, neste sentido a Igreja de certo modo concorre com os sindicatos rurais nas áreas de influência do campo.

Claro que para além das questões políticas ideológicas, floresceu dentro do clero nordestino e se espalhou por todo o território brasileiro, o desejo de fazer do evangelho algo “vivo”, neste sentido a Campanha da Fraternidade ganha as diversas arquidioceses e no dia 26 de dezembro de 1963, sob os ventos soprados do Concilio Vaticano II, é lançado a nível nacional a Campanha da Fraternidade para se efetiva na Quaresma de 1964, da cidade provinciana para o Brasil. Desde de 1970 que a abertura da Campanha da Fraternidade recebe uma mensagem especial do Papa, assim, o movimento Natal da década de 1960, transcende as fronteiras regionais e se transforma num dos mais significativos momentos da Igreja Católica, agora sob as diretrizes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Nestes anos, de existência, a Campanha tem como tom as questões sociais, fazendo da evangelização um movimento de libertação/reflexão das condições vividas por todos os segmentos sociais, sempre com temáticas instigantes/provocadoras a partir das questões sociais.

Neste ano de 2017, o tema é bem relevante: BIOMAS BRASILEIROS E DEFESA DA VIDA, a sociedade moderna vivencia um dilema crucial, crescer economicamente com sustentabilidade, respeitando a natureza e os habitantes desta casa comum chamada: TERRA. Com o tema “CULTIVAR E GUARDAR A CRIAÇÃO, o objetivo da Campanha de um modo geral é despertar nos cidadãos a consciência de “cuidar da criação de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos à luz do EVANGELHO”. Neste sentido as paroquias de todo o Brasil, desenvolveram ações com essa temática, no período da Quaresma, e, em todo o ano, nas comunidades, escolas, universidades, enfim, em todos os lugares possíveis de diálogos sobre nossos desafios de preservação da vida. Como diz claramente o hino da Campanha da Fraternidade 2017:

“Louvado sejas, ó Senhor, pela mãe
terra, que nos acolhe, nos alegra e
dá o pão. Queremos ser os
teus parceiros na tarefa de “cultivar
e bem guardar a criação”.
Da Amazônia até os Pampas, do
Cerrado aos Manguezais, / chegue
a ti o nosso canto pela vida e pela
paz.”

A Mata Atlântica,  a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa, são nosso biomas, conjuntos de ecossistemas com características semelhantes, que ao longo do tempo sofreram intervenções históricas, desde a colonização ibérica até os dias atuais, sofrem danos do nosso modelo econômico de ocupação do meio ambiente, claro que nem tudo é “caos”, mas é necessário rever caminhos, mudar o norte daquilo que provoca tragédias como a do Rio Doce em Mariana, a lógica do capital das mineradoras foi cruel com o rio e as populações ribeirinhas, fique, então, a lição, “não é por uma rã”, é sobre a sobrevivência da vida. Fortalecer a Educação Ambiental e os Organismos de Defesa do Meio Ambiente é fundamental nessa perspectiva de preservação da vida.

A Campanha da Fraternidade 2017, nos faz um convite: BIOMAS BRASILEIROS E DEFESA DA VIDA, como nos diz o lema: CULTIVAR E GUARDAR A CRIAÇÃO, criar condições para existir o desenvolvimento econômico e social, incluir as camadas mais carentes da população no processo de crescimento econômico, construir/plantar, respeitando a TERRA, este é o desafio posto para todos nós.

Meu velho amigo, finalizo, reafirmando a importância de refletirmos sobre, nossos biomas, isso é defender a vida na sua plenitude, lembremos da Carta de Pero Vaz de Caminha, e façamos a seguinte pergunta: Hoje o que ficou das espécies da fauna e flora, quando aqui chegaram os “civilizados” europeus?
        
*Com post na página do Jornal Zona Sul
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Copyright © AssessoRN.com | Suporte: Mais Template