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domingo, 15 de janeiro de 2017

Prosa: A garota de meus olhos

A GAROTA DE MEUS OLHOS...
Por Bené Chaves*

Desde o momento que conheci aquela menina uma enorme euforia tomou conta de mim e meu corpo tremia quando olhava sua cor trigueira de olhos castanhos claros a acariciar-me, às vezes, somente as mãos, outras vezes o meu imberbe rosto. E meditava sobre um possível e talvez sério relacionamento.

(O homem, de um modo geral, pensa e tenta se firmar como uma pessoa capaz de obstáculos talvez até inacreditáveis. A mulher, por sua vez, sensível e maternal quase sempre, muito embora, com raras exceções, um pouco difícil de entender, procura conciliar supostas irritações e, então, assenta-se como uma companheira leal.Mas, em outras ocasiões, dá-se justamente o contrário. E a recíproca fica num vai-e-vem travesso, a chamada infindável e insondável intermitência de valores. Por isso mesmo seria imprevisível qualquer união ou desunião de pensamentos).

Eu e ela éramos ainda jovens, não tínhamos noção alguma de um perigo maior que pudesse se avizinhar. Portanto, a insistente pergunta: poderíamos enfrentar situações vexatórias e contraditórias contanto que permanecêssemos juntos um ao outro? Não sabia até onde iria o presente devaneio, mas o meu intento era tão somente viver aquela fantasia, fosse ela duradoura ou não. Coisa de menino besta e ansioso para arrebatar uma libido que florescia na viçosa idade. E acho que a alternativa também era verdadeira, embora castrada pelas normas repressoras do sexo feminino.

A vida era assim mesmo... Que ninguém duvidasse dela, pois a própria entortava e retorcia do jeito que quisesse, se fazendo senhora de suas determinações e deteriorações.               

Ela antevia as agilidades e vícios, contudo também as covardias de uma existência. Dizia-se que vivia em constante mistura consigo. E, claro, com os outros. Era uma vida obscura, não sei, contudo, se detestada. Em presença, no entanto, de tantas indefinições, todos ficavam indignados com a mesma, vendo-a passar, aleatória, diante de circunstâncias e circunvizinhanças.

Seria uma natureza determinante ou certa força energética, absoluta? Pois sim!, pois não! Sim! Não! Pois! Senão?
Eu não me incomodava com deliberações existentes e estabelecidas sejam lá por quem. Minha idade não permitia. Queria apenas levar adiante aquela paixão adolescentemente buliçosa.

E que fosse pro diabo qualquer resolução em contrário! Seguia uma conceituosa e ambígua definição de Painhô: ‘O essencial da vida existia pra se comer (literalmente ou não) mesmo, não via necessidade de me necessitar’.

*Com postna página do Jornal Zona Sul
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