acesse o RN blog do jornalista João Bosco de Araújo [o Brasil é grande; o Mundo é pequeno]

domingo, 29 de janeiro de 2017

O laissez faire do crime; por Emanoel Barreto

O laissez faire do crime


Ao que venho observando, o fenômeno das organizações criminosas no país evoluiu da simples formação de quadrilhas para a estruturação de grupos orgânicos e identitários que agem à moda de empresas: têm seus mentores, métodos, técnicas e setores que cuidam da administração de, digamos, custos, investimentos e lucros das organizações.

Funcionam até mesmo como se fossem franquias. Acima de tudo têm como cimento social o sentimento pertencer a algo, a uma espécie de classe, sistema humano que mobiliza laços de solidariedade e afetividade; seriam, talvez se possa dizer, como uma fraternidade criminal, o crime como entidade formulada a partir de uma ética paradoxal a unir seus praticantes.

No Rio Grande do Norte as últimas explosões de violência em Alcaçuz dão o exato poder de fogo dos bandidos. De um modo geral o governo do estado nada fez de concreto e efetivo para enfrentar, muito menos conter, sequer reduzir a capacidade do crime organizado.
A Polícia Militar não patrulha as ruas de Natal e grande Natal; assaltos e mortes ocorrem com precisão cotidiana como se fossem fatos programados, necessários à vida de todo dia. Há um sentimento de medo quando alguém entra num ônibus ou caminha por uma rua escura.

As falhas da segurança, agora em plano nacional, vão desde a ineficácia do policiamento e corrupção da força pública até falta de equipamento e falta de um sistema de inteligência que rastreie as contas das quadrilhas – que têm vida bancária como se fossem empresas legalizadas.

É preciso estancar o fluxo de caixa dos criminosos, como também é necessário e urgente um grande esforço na fronteira oeste do país, impedindo o ingresso de armas e drogas.
A tarefa é complexa e exige ação preventivo-repressiva, bem como firmeza ao longo do tempo para que surjam os efeitos desejados.

Enquanto isso não acontece – devido à molícia, frouxidão e relaxo das ditas autoridades – o crime sempre estará à frente. Cada vez mais organizado e atuante.

Vivemos no Brasil uma espécie de liberalismo criminal. A omissão das autoridades permitindo algo como um laissez faire ao mercado do crime que tem na sociedade uma mercadoria a ser pilhada, usada e brutalizada.

Os políticos e os ricos estarão sempre à salvo, entocados e intocados no poder, enquanto o restante da sociedade estará sempre na mira. E sem ter a quem apelar.
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Copyright © AssessoRN.com | Suporte: Mais Template