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segunda-feira, 6 de junho de 2016

O Boi Manso que foi para o céu

Por Fernando Antonio Bezerra*

Foto de acervo de 2010
Por maior que seja a nossa fé, mesmo sendo menor que um grau de mostarda, a morte ainda é um evento difícil de enfrentar. A visita da moça caetana, no dizer de Osvaldo Lamartine e outros mais, é imprevisível... Quando imaginamos que vai demorar, ela chega; quando até esperamos que chegue, ela demora. Para os de fé, tudo um dia será explicado e a permissão de Deus esconde lições que a vista miúda não alcança. Foi mais ou menos assim, meio encabulado por não encontrar as palavras mais apropriadas, que recebi a notícia de que Luciano, irmão de Lobinho, Francisquinha, Plínio, Hilda, Nilton, Dilma, Luiz, Carmelita, Ubirajara, Elvira e Afra Neta, partiu para o horizonte que a fé nos faz enxergar.

Luciano Veras Lobo, nascido das entranhas do Seridó potiguar e paraibano, filho de Francisco Lobo Filho e Celina de Faria Lobo, avistou o primeiro sol na Fazenda Apaga Fogo em Serra Negra do Norte no dia 28 de abril de 1949, mas, foi em Caicó-RN e depois em Campina Grande-PB, de dia e de noite, que fez da vida uma arte de nutrir amizades e fazer o bem.

Estudou em Caicó algumas das letras aprendidas, especialmente, no Colégio Diocesano Seridoense onde fazia parte da “bicharada”, turma que o acompanhou a vida inteira. Era o “boi manso”, um dos mais presentes em todos os momentos da turma, inclusive, nos muitos reencontros de janeiros, julhos, aniversários e celebrações que ocorreram desde a juventude até a maturidade.
Perdeu o pai ainda muito cedo, sendo apoiado pelos familiares, especialmente, por Francisquinha que, revestida de novas responsabilidades, assumiu a liderança da família ao lado de sua mãe, tios e, logo em seguida, do esposo Enéas Olímpio Maia, a quem toda a família reverencia como benfeitor.

Enfim, depois de Caicó, estudou em Recife, Campina Grande onde concluiu o curso de Medicina e em São Paulo onde se especializou médico otorrino. Antes, em Campina Grande, constituiu novo núcleo familiar casando com a médica Lília Izabel Barros Lobo com quem gerou os filhos Felipe, Igor e Fábio.

Na Capital da Borborema exerceu a medicina, colecionou novos amigos, criou os filhos, conheceu os primeiros netos – Luis Felipe e Mariana – e abençoou a que virá (Lívia). Era profissional respeitado e nome de referência. Quando alguém do sertão, parente ou amigo de seus amigos, independente de condições financeiras ou de qualquer outro vínculo, precisava de um apoio médico em Campina, uma porta sempre esteve aberta: Dr. Luciano Lobo! Gente que, não raro, sequer conhecia, mas sendo das terras de cá encontrava um amigo nas terras de lá.

Mas, além de “Boi Manso” e “Dr. Luciano” existe a lembrança de “tio Lulu”. Conheci um pouco mais de perto “tio Lulu” pela amizade que tenho com seus sobrinhos há algumas décadas... Se alguém exerceu bem a função de tio e serve como modelo, posso, modestamente, apontar para ele. Aliás, ele era tão amigo dos sobrinhos que se tornou também nosso, apesar da distância de idade.
Waldez Pereira dos Anjos (1969/2012), um amigo comum que também foi muito antes da hora combinada, apenas porque era amigo dos sobrinhos o chamava com a maior informalidade – Lulu - e recebia dele o maior cabimento, apesar da diferença de idade.

Na tarde de domingo, enfim, Luciano partiu. Pela fé que nos conforta quem faz caridade e é de paz recebe, no céu, a distinção dos bons. Acredito que por lá “boi manso” encontrou rancho, reencontrou gente e já está assuntando como assistir a Festa do Ex-Aluno e saber das novidades do Coreto da Praça. Por aqui, fará falta.

*Fernando Antonio Bezerra é potiguar do Seridó / com post na página do Barde Ferreirinha. 
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