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domingo, 19 de julho de 2015

Doce Sequilhinho! Quem não há de se lembrar?

Por João Bosco de Araújo*
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  

Foto pesquisa internet/divulgação
Os caicoenses perderam terça-feira, 27, uma figura folclórica muito querida entre tantas outras que a cidade conheceu nos últimos oitenta anos. Luiz Teixeira Dantas, seu nome de registro. Evidente que ninguém vai saber de quem se trata. Porém, ao se pronunciar Sequilhinho, todos logo saberão quem é. Sua voz mansa e carinhosa soava nas ruas de Caicó, idos atrás. De porta em porta saia oferecendo a venda de seus biscoitos, os deliciosos sequilhos, feitos de goma de mandioca. “Olha o sequilhinho, meus amorzinhos”, gritava baixinho, e satisfeito pela compra aceita, retribuía sorrindo: “Obrigado, pessoa distinta”.

Sequilhinho era realmente uma pessoa distinta, imune a malicia de seus semelhantes. Desprovido de posses financeiras, assim mesmo nunca deixava de participar das festas de rua, sempre bem alinhado, de camisa bem engomada e calça de linho. Os sapatos, bem engraxados. Às vezes, um pouco maior da medida do pé, mas não o impedia de dar uns passinhos de dança na praça da seresta da festa de Sant’Ana. Sua alegria contagiava a todos, mesmo nesses últimos tempos com a idade já avançada e com sinais do Mal de Parkinson. Católico, desfilava vestido de branco na procissão de Sant’Ana e na Festa de Nossa Senhora do Rosário. Adorava assistir missas. E visitar os estúdios da rádio Rural para ouvir o locutor anunciar o seu nome. 

Sem maldade no coração, feito uma criança, na madrugada-manhã desta terça, seu coração, cansado, resolveu não mais bater, parando e calando a voz que os caicoenses acostumaram a ouvir nas calçadas de suas casas, praças e avenidas: Olha o sequilhinho!

Aos setenta e sete anos, seu corpo foi sepultado em uma cova de cemitério nesta data de 28 de maio, mês de Maria, a mãezinha assim como ele a tratava, confiando-lhe na terra a sua purificação. Que Deus o tenha no Reino da Glória!

Na terra de Sant’Ana, quem não há de lembrar-se de um doce Sequilhinho?

*Publicado no Diário de Natal e blogs da região em maio de 2008, no sepultamento de Sequilinho. - Este post uma homenagem neste período de Festa de Santa’Ana que ele tanto amava e o caicoense o admirava!


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