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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Senado reverencia a memória do folclorista Câmara Cascudo

Homenagem na passagem dos 25 anos do falecimento do potiguar Luiz da Câmara Cascudo

Foto: arquivo web/divulgação
A memória do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo foi reverenciada pelo Senado Federal na tarde desta quarta-feira (3) em virtude da passagem dos 25 anos de seu falecimento. A homenagem ocorreu na hora do expediente, primeira parte da sessão deliberativa, e contou com a participação de grande número de políticos e personalidades nascidos no Rio Grande do Norte. O primeiro a discursar foi Paulo Davim (PV-RN), autor do requerimento da homenagem ao "maior folclorista da história do Brasil", conforme afirmou.

Educador, folclorista, historiador, jornalista, advogado, antropólogo, etnógrafo, professor, ensaísta, tradutor, geógrafo, linguista, memorialista, biógrafo e poeta, Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal aos 30 de dezembro de 1898, vindo a falecer em 30 de julho de 1986, também na capital do Rio Grande do Norte.

Paulo Davim afirmou ser praticamente impossível mensurar a envergadura da contribuição à cultura brasileira deixada por Câmara Cascudo. Com uma obra vasta e ousada, disse o senador, o educador deixou um "grandioso legado" fruto de uma imensa curiosidade intelectual.

- A estatura do grande potiguar e brasileiro, sua trajetória de vida e sua enorme contribuição à cultura de nosso país justificam plenamente esta homenagem do Senado - disse Paulo Davim.

O senador destacou que Câmara Cascudo valorizava sobretudo "os gestos mais simples e o cotidiano dos homens do chão de terra seca do Nordeste". Davim informou que o educador estudou no Atheneu Norte-Rio-Grandense, instituição escolar fundada em 1834 e da qual seria, posteriormente, professor e diretor. Em 1928, conclui os cursos de Direito, na Faculdade do Recife, e de Etnografia, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da qual também foi professor alguns anos depois.

Davim informou que Cascudo escreveu biografias de Solano López, Conde d'Eu e do Marquês de Olinda, além dos livros História da Cidade de Natal e História do Rio Grande do Norte. Antes disso, estreou com o livro Alma Patrícia, em 1921, e pouco depois fundou a Sociedade Brasileira do Folclore.

Davim também citou as principais obras de Cascudo, como Dicionário do Folclore Brasileiro, Civilização e Cultura, Antologia do Folclore Brasileiro e História da Alimentação no Brasil. Todas elas "obras essenciais e indispensáveis a todos aqueles que queiram entender o espírito da gente brasileira", nas palavras do senador.

O senador Geovani Borges (PMDB-AP) ressaltou que Luís da Câmara Cascudo tinha uma "curiosidade ímpar", que o levou a estudar e pesquisar em diversos campos e ampla variedade de temas.

- Poucos brasileiros alcançaram a grandeza de Câmara Cascudo e foram ao mesmo tempo tão populares e tão respeitados pela academia - elogiou Geovani Borges.

O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), equiparou a importância da obra de Câmara Cascudo à produção de outro nordestino, o sociólogo Gilberto Freyre, autor de Casa-Grande & Senzala. Para o senador, Cascudo é um dos orgulhos do povo potiguar. Lembrou também que o educador foi um dos primeiros intelectuais do país a viajar pelo continente africano para pesquisar uma das origens da cultura brasileira.

A ex-senadora e atual governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, disse que Câmara Cascudo era "múltiplo, universal, explicador da alma potiguar e da gente brasileira". Recordou que o folclorista foi classificado como "um provinciano incurável" por nunca ter deixado de morar em Natal, mesmo recebendo vários convites de trabalho de outros estados e até de outros países. A governadora também informou que já estão programados diversos eventos em homenagem a Cascudo no Rio Grande do Norte este ano.

Também discursaram na solenidade o 2º secretário da Academia Brasileira de Letras, Murilo Melo Filho; a prefeita de Natal, Micarla de Sousa; o presidente da Academia Norte-Riograndense de Letras, Diógenes Cunha Lima; e o ex-senador João Faustino, representando a família de Câmara Cascudo.

Murilo Melo Filho lembrou que Câmara Cascudo chegou a ser parlamentar da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte mas, três dias depois, foi cassado devido à Revolução de 30, a qual lamentou porque, enquanto alguns de seus alunos chegavam ao poder, outros iam para a prisão. O representante da ABL, que foi aluno do folclorista, disse que Cascudo escreveu 150 livros entre história, sociologia, poesia, literatura, ensaios, biografias, romances e estudos, mesmo sendo "boêmio, notívago e romântico".

A prefeita Micarla classificou Câmara Cascudo como "um dos mais nobres natalenses já nascidos". Ela explicou que foi Cascudo o inventor da célebre frase "O melhor do Brasil é o povo brasileiro". Para Micarla, o mestre "rompeu paradigmas" e foi o precursor da valorização e respeito à cultura popular.

Já Diógenes Cunha Lima, amigo de longa data e biógrafo de Câmara Cascudo, disse que passou 20 anos de sua vida visitando diariamente o educador. Além de ter produzido uma obra múltipla, Cascudo "viveu intensamente" e é uma das maiores "fontes da cultura nacional", disse o escritor, citando o artigo 215 da Constituição.

- Escreveu sobre costumes, hábitos, usos, mitos, lendas. Uma obra magistral. Foi o grande arquiteto da alma nacional. Foi a personalidade que mais estudou esse país - afirmou Diógenes.

João Faustino informou que a "vasta produção intelectual" de Câmara Cascudo é estudada em países de todos os continentes. Para ele, o educador foi "o mais ilustre de todos os norte-rio-grandenses".

Por sua vez, o presidente do Senado, José Sarney, disse que Câmara Cascudo foi um "intelectual completo" e "homem de aguda inteligência e vastíssimo saber".

- Poucas pessoas conheceram tão profundamente a cultura e o povo brasileiro - afirmou Sarney, lembrando também que o escritor Jorge Amado afirmava que graças a Cascudo os brasileiros tinham consciência de si mesmos.

Ainda participaram da homenagem o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho; o ministro do Superior Tribunal de Justiça, José Delgado; o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Saraiva Sobrinho; a reitora da UFRN, Ângela Paiva Cruz; deputados e deputadas federais e estaduais, prefeitos e secretários de estado e municipais, dentre outros convidados e senadores. [por Augusto Castro / Agência Senado]
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