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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O prazer de pagar e de celebrar sempre

Por Flávio Rezende*


            Ao longo de toda sua existência material no plano que ora habita, a nossa espécie sempre tratou de descobrir coisas que possam nos causar bem estar físico e mental. Apesar de ter evoluído na observância dos direitos humanos, no respeito ao próximo e na socialização de bens e serviços, a velocidade do desenvolvimento tecnológico que proporciona prazer aos nossos sentidos, foi sem dúvida nenhuma muito superior ao das ciências humanas.
            Hoje o ser humano goza de avanços sensacionais como a energia elétrica que move uma gama imensa de objetos que regulam a temperatura, uma das grandes vilãs da antiguidade; utiliza veículos, trens, aviões, navios, submarinos e diversos outros tipos de transportes, encurtando distâncias e promovendo a globalização, com a possibilidade de se chegar ao extremo do planeta praticamente no mesmo dia, numa incrível revolução praticamente impensável nos primórdios da Terra.
            Essas facilidades precisam ser celebradas a cada minuto de nossa existência, pois geram felicidades sem fim, com pais se comunicando com filhos a qualquer momento e de qualquer lugar, com pessoas ligando aparelhos à distância, televisões levando para dentro de nossos lares um universo maravilhoso de filmes, documentários, transmissões ao vivo de eventos que jamais poderíamos assistir devido a questões financeiras, de tempo e até mesmo de barreiras lingüísticas.
            Não vou aqui me ater nas questões negativas inerentes a tudo que acontece na vida. Quero observar tudo pelo lado positivo. Poder pagar as faturas relativas a todos os serviços que existem na Terra é uma coisa fantástica. Vibro quando passo pelo leitor óptico cada conta e, não fico triste ao perceber, ao fim de cada operação, a subtração de números em minha conta bancária.
            Poder saldar a dívida com a companhia de eletricidade, com a fornecedora de sinal da net e TV a cabo, com a que me entrega água, gás, revistas, telefonia, com o consórcio do carro, o cartão de crédito, o GPS, terreno, previdência privada e ainda poder ajudar instituições diversas que cuidam de crianças com câncer, médicos sem fronteiras, Casa do Bem e pessoas individualmente em relações diversas de apadrinhamento e de justiça social, é uma sensação indescritível de felicidade de mais um mês de missão cumprida.
            Neste último mês, depois de esperar na fila do Banco do Brasil pelo dever cívico e pessoal de pagar as contas, de sentir prazer ao pagá-las e de cumprir o contrato com as empresas que confiaram em minha pessoa me entregando seus produtos e serviços por um mês para só depois terem o justo aporte financeiro, corri para encontrar meu filho Gabriel e, juntos, sentamos numa pizzaria no Praia Shopping para uma outra celebração.
            Mesmo sendo almoço e não jantar e eu não poder comer muito queijo por causa de taxas não muito normais apontadas em exames médicos, o momento pedia uma comemoração e, a pedida foi uma bela pizza de marguerita.
            Naquele momento, na companhia do meu adorável filho, observando as pessoas passando num ambiente bonito, arejado, já decorado com os motivos natalinos, fechei os olhos por um instante e com a voz silenciosa em rogativa oração interior dirigida para meu mestre espiritual Sathya Sai Baba, disse: - Amado mestre, como é bom passar por esta experiência humana, tantas coisas boas que temos por aqui, o conforto do lar, o ar condicionado, a TV, o celular, o carro, o trabalho para tudo poder pagar, a consciência do dever de ajudar os que não têm tantas benesses a disposição, a ocupação de espaços midiáticos com a literatura do bem, os artigos do bem, a família, os amigos, as praias, as caminhadas, enfim, a vida com todas as suas cores, com suas nuances, oferecendo oportunidades de aprendizado, de correção de rotas e de superação de obstáculos. Sou feliz e seguirei sempre buscando fazer o bem sem olhar a quem.
            Ao pedir a conta da pizza vejo um amigo e pergunto como estão as coisas. Com contas na mão, também vindo do banco, reclamou que estava vivendo só para pagar as faturas. Ao contrário dele, eu feliz perguntei: - E você não usufruiu das coisas oferecidas pelas contas que pagou? Ele me olhou meio que sem entender, mas respondeu que sim. Rapidamente e com um grande sorriso finalizei de pronto: - Então celebre, pois terá um mês todinho pela frente para curtir tudo isso de novo.
            A vida é assim, enquanto uns reclamam daquilo que lhes foi útil durante um mês, outros, como eu, acham bom e, celebram, pois a vida é bela e pagar conta é bom demais.

*É escritor e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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