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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Maior do que a Justiça?

Leonardo Sodré
Jornalista e escritor

O assunto está em voga em todo o Estado do Rio Grande do Norte. A renúncia do ex-deputado estadual Gilson Moura para colocar o suplente Sargento Siqueira na sua vaga e conseqüentemente protegê-lo e a todos os outros acusados de vender votos, quando eram vereadores na Câmara Municipal de Natal, em 2007, na chamada Operação Impacto. A renúncia coloca todo o grupo numa situação de foro privilegiado, com conseqüente procrastinação das investigações, que voltam à estaca zero. A notícia desceu quadrada pelos ouvidos dos norteriograndenses. Talvez, vingativos eleitores.

Todos os jornais impressos do Estado interpretaram bem o objetivo de Gilson Moura de renunciar à sua cadeira como deputado estadual: proteger o grupo. Mas, para quem se diz arauto da verdade e da justiça, tendo mantido, inclusive, até pouco tempo um programa de consultas jurídicas, enquanto advogado, na TV Ponta Negra, vem a inevitável pergunta: Por quê?

A alegação do sorridente ex-deputado é a de que precisava ir cuidar de uma irmã doente, embora ele não seja médico. Versão descartada e nem discutida pelas editorias de política do RN, até porque seria discutir um argumento esquálido, sem sentido, porque nenhum político deixa de ter tempo de amparar nenhum familiar doente. Aliás, ninguém conhece o objetivo da renúncia que protege algumas pessoas.

Um mistério digno do falecido ex-presidente da República, Jânio Quadros. Teriam sido “forças ocultas”, irresistíveis, que motivaram o ex-parlamentar a abandonar a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e a confiança dos seus eleitores?

Um parlamentar tem todo o direito de renunciar ao seu mandato. Mas, esse direito se estende a outros objetivos? Como o de barrar investigações e transferir acusados para outros foros? Ganhar tempo?

Os especialistas em direito devem estar estudando a questão e novas jurisprudências podem surgir desse caso nebuloso. Eles podem até se valer da sabedoria de quem não é do ramo do direito, mas que tem o dever de interpretar e denunciar: a imprensa. E o material de prova é farto, amplo e detalhado. Tanto da imprensa escrita e televisiva, quanto da imprensa global, via sites e blogs. A interpretação indignada é única.

Estarão todos errados e as “forças ocultas”, como dizia Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961, vão faturar mais uma?
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